Foi Lord Acton que disse que "A liberdade passa por evitar controlo por parte de outros. Para isto, necessitamos auto-controlo e, portanto, influência religiosa e espiritual; educação, conhecimento, bem-estar." (a tradução é minha e vale o que vale).
Sendo estudante num curso conhecido pelas massivas horas de estudo que exige aos seus licenciandos, e sendo, simultâneamente, um adepto de leitura extra-academia, deparo-me constantemente com um problema: o estudo pouco tempo (e vontade) deixa para ler o que mais seja.
Deparo-me assim com inúmeros colegas meus que sob essa justificação (que justifica mais uns do que outros) não pegam num livro que não de Direito há anos.
Mais.
Muitas vezes acabam por ganhar (mal comum à população em geral, estou em crer) um ponto de vista assustadoramente utilitarista do conhecimento.
O conhecimento hoje em dia serve para aquilo. Se alguém vai aprender o que quer que seja, é porque lhe vai ser exigido num qualquer exame, porque fica bem no currículo dizer que se tem aquele papel a dizer que se adquiriu aquelas competências.
Sim, porque hoje já não se aprende, adquirem-se competências.
Devia-se estudar, descobrir e explorar para aprender, para crescer. Porque o ser humano se forma. Forma-se sempre. Mas forma-se com o que conhece, com o que tem à mão. Sobretudo hoje em dia, expostos constantemente a estímulos culturais que nos vêm de todos os lados.
Assim, se não procurarmos desenvolver a nossa pessoa de forma saudável, de acordo com exemplos que queiramos seguir (e que podem ser dos mais variados), a nossa cultura forma-nos e, ergo controla-nos.
O maior problema nem é o conteúdo dessa formação, é a sua aleatoriedade. Nunca se sabe o que vai sair, mas os exemplos não são famosos.
Mais preocupante ainda é que isto aconteça a estudantes de Direito que, pelo peso do papel reservado à matéria a que se dedicam, serão pessoas com muito poder no que toca a moldar os nossos amanhãs.
"[A História] não é um fardo, mas sim a iluminação da alma." - Lord Acton
"A educação universitária devia ser o guia para uma vida de leitura." - Sir Winston Churchill
1 comentário:
Zé,
Concordo inteiramente contigo embora ache que não precisas de ir directamente ao caso do nosso Curso, pois isso é cada vez mais transversal à sociedade.
Os hábitos de leitura, o desconhecimento de obras e de culturas internas ou estrangeiras, geram desde há anos maleitas que têm vindo a subir na pirâmide etária. Cada vez são mais raras pessoas que saibam escrever bom português, ou com uma cultura geral minimamente transversal...
Sou daqueles que sempre defendi que um Homem é aquilo que lê, em especial o que absorve das páginas entre o 3º Ciclo e o fim do curso de licenciatura (para quem a tira). Infelizmente o desenvolvimento (atrofiante) das indústrias audiovisual e de videojogos vai fazendo com que aqueles que leêm ávidamente sejam aos poucos socialmente marginalizados...
Preocupante para o futuro das Nações.
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