domingo, 13 de fevereiro de 2005

Apresentação do blog

Este é um blog de pendor difícil de definir. É sem dúvida um blog que se identifica com o liberalismo, mas com um liberalismo "sério" e não o desenfreado com que muitos o confundem, e que muitos desejam.
Que quero eu dizer com liberalismo "sério"? Muito simplesmente que na base das ideias de pendor liberal está a liberdade como valor máximo (liberdade económica, por exemplo), não como valor único e/ou absoluto. Uma Sociedade Liberal não implica uma sociedade "sem Rei nem Roque", implica sim a existência de uma sociedade que, garante a segurança de todos, que garante a dignidade de todos(assegurando um mínimo nível de vida que assegure bem estar para além da mera sobrevivência) mas onde a liberdade é necessariamente uma garantia da possibilidade de poder alterar as condições de vida, respeitando os princípios anteriores.
Basicamente a Sociedade Liberal é a autêntica e assumida (porque já existe) meritocracia. Todas as pessoas são Seres Humanos e como tal têm a possibilidade de se moverem do fundo ao topo da sociedade e de novo para o fundo. Este fundo não se confunde com a absoluta e abjecta miséria, é sim o mínimo de condições de vida que se pode dar a um Ser Humano sem que ele começe a regredir na cadeia evolutória para instintos animalescos como muto se vê em todo o lado.
Dir-me-ão que apesar de todos nascerem iguais há uns que nascem com mais sorte que outros. "Os animais são todos iguais, mas há uns mais iguais que outros" já escrevia George Orwell em O Triunfo dos Porcos. É um facto indiscutível, inevitável e eu dria até mesmo que desejável. Ninguém consegue passar do fundo para o topo numa vida, a menos que ocorra um acaso tremendo e a pessoa ganhe um fabuloso prémio ao jogo(se bem que ainda assim tem o mérito de ter investido num bilhete de lotaria ou no que seja). Recentemente veio a descobrir-se que é necessário (geralmente) três gerações para se percorrer o caminho que separa a coalhada da sociedade do crème de la crème. Em que é que isto se traduz concretamente? Se o nosso avô estivesse no fundo da sociedade (coalhada) e passasse a sua vida a trabalhar para melhorar o seu nível de vida e este, por sua vez, passasse a sua vida a trabalhar para melhorar o seu nível de vida, é provável que nós, caso sigamos a tendência, em algum ponto da nossa vida pertencessemos à classe alta (crème de la crème).
Será justo que a pessoa de baixo só possa chegar a certo ponto? Eu acho que sim. Não só justo mas também desejável. Primeiro que tudo vejamos a coisa numa questão de perspectivas:
Será que em termos individuais é muita a diferença entre onde a primeira geração chegou, tendo em conta de onde partiu, e onde eu cheguei, tendo em conta de onde parti? Obviamente me podem dizer que, este argumento só funciona em termos relativos, visto que em termos absolutos eu estarei sempre muito melhor que o meu avô (ainda que continue a achar que quem diz que a classe baixa é escravizada pelos patrões não sabe o que é que os patrões trabalham). Talvez, mas o caminho ascendente é imparável, caso a tendência de trabalho árduo e disciplina das gerações anteriores seja seguida e é possível que nesse caso o meu neto esteja bem melhor que eu, sem eu estar infeliz com o bom nível de vida que conquistei, do ponto onde parti.
E é precisamente esta possiblidade/necessidade de estar sempre melhor, esta ambição, que leva à constante evolução das pessoas, daí a necessidade desta ascenção social ser faseada, para que a geração anterior inculque na seguinte a possibilidade de algo mais.
É então assim, nesta sociedade meritocrática que se deve fundar os pilares desta Sociedade Liberal, e é partindo desta perspectiva que este blog começa os seus dias.

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